2005/03/29

Do de fora



Adownn

Há momentos em que deveríamos apenas deixar que o coração palpitasse segundo deseja, sem que interrompamos seu embalo diário. Os pensamentos são vários, as dúvidas traiçoeiras e o calar vai costurando na pele um bordado sem sentido. Às vezes eu queria deixar de ouvir tantos silêncios aqui dentro, mas saber que as vozes de fora gritarão apenas dúvidas e desistências, não me faz bem. E, como não me acostumo com nada disso me perturbando e me impedindo de ouvir o sussurro do coração, absorvo-me num calar initerrupto, ou num olhar que indaga até quando, até onde? E limito-me a avistar um mundo onde o canto dos pássaros embala, o beijo dos brotos basta e a melodia do coração me encoraja a viver nua de impaciências, coberta de vontades e infinitos.

2005/03/22


Do pôr-do-sol, do silêncio e do que não gosto

Foto: Helena Maria Milheiro - Mulher

A vida tem me mostrado interrogações que eu já sabia que um dia iriam aparecer, mas não as respostas... que sei onde encontrar. Mas receio de que sejam somente nãos. Então espero, respiro dúvidas e silencio. Não sei até quando viver assim... Acho bela essa ação de viver o que tenho agora. Mas gosto de pensar adiante, gosto de tentar ver um pouco mais além, ainda que esse adiantamento me cause tristeza, não sendo o que esperava. Por agora, é belo esse pôr-do-sol, mas não me diz muita coisa... Apenas que a noite se aproxima, e com ela o frio de que não gosto, me fazendo lembrar o abraço de que necessito... ou então das estrelas que gosto tanto, e da lua que não canso de admirar.
É infinitamente melhor a inconstância das flores, o sussurrar do vento nas tardes de impaciência e impossibilildades momentâneas, do que o silêncio dos cemitérios, a quietude dos casulos... Certo, as vezes é necessário ser quieto, mas a vida em quietude acaba tornando-se um marasmo sem sentido, uma calma aborrecedora...
E. Eu. Não. Gosto. Disso.

2005/03/12

DOIS DEVANEIOS POSSÍVEIS - OU NÃO -

- É possível?

- Possivelmente.

- Ou impossível?

- Há possibilidades.

- Será o possível impossível?

- Muito possível.

- E o impossível é possível?

- Pouco possível.

- Ou a possibilidade é que impossibilita?

- Talvez seja possível.

- Acho possível.

- É impossível?

* * *

- Agora diz uma coisa possível.

- Amar alguém e o possuir.

- E uma pouco possível.

- Alguém que ama a quem possui.

- Outra extremamente possível.

- Possuir e não amar alguém.

- Uma totalmente impossível.

- Não amar alguém e não o possuir.

- Outra mais ou menos possível.

- Alguém que nunca possui a quem ama.

- E uma possivelmente possível.

- Amar alguém sem nunca o possuir.

Por Fábio Fabrício Fabretti

Simplesmente lindo isso!

2005/03/08


Eis-me aqui, descuidadosamente à beira, tentando saltar tantas e tantas vezes, sem saber que rumos, que futuros me aguardam. E tudo isso me chega manso, suave, acompanhado pela brisa e a ilusão que insisto em cultivar. Esmorecer em sonhos, em divagações, em passados redescobertos... Uma apática carência de rosas encharcadas pela chuva, que ainda não findou-se, preenche pensamentos. Uma momentânea solidão chora e resmunga, interrogando o tempo que foi-se, necessário... E embalo silêncios, continuo a entoar inconstantes melodias, até que ouça do coração um sussurro doce e tenro, encorajando-me, fazendo quebrar essa monotonia, essa melancolia que é deparar-se e permanecer em constante estado de sofreguidão, dúvida, esperança e uma suposta ou inevitável felicidade por renascer.  Posted by Hello

2005/03/02

Rasgando silêncios


Marilia - Intimacy

Desconheço qualquer sinal de vontades ou limites que me impulsionariam por esses trilhos que destinam ao desconhecido. Que final me espera? Que futuro me aguarda? O medo interrompe esperanças e acaba por trancar cadeados que libertariam ou simplesmente deixariam a liberdade de escolhas... sei onde estão as chaves. Tenho a fé no surreal como um passo a ser dado, um caminho a percorrer. Mas como não sei mais de mim e agora apenas me intuo, proibindo-me de ver além de qualquer palmo que não esteja defronte aos meus olhos, prefiro continuar rasgando esses silêncios em tiras, pequenas tiras...