2008/04/26

Da chuva de hoje

Tiago Estima - Pôr-do-sol (olhares.com)

Não faz nem meia hora que acabou a chuva e a luz voltou. Choveu muito, com aqueles trovões bem altos e raios que clareiam tudo, duas coisas que eu tinha muito medo quando era criança, e, confesso, até hoje me assustam. Daí eu ia correndo para a cama da minha mãe e aí sim eu conseguia dormir. A cadela ficou com medo e veio para perto de mim, e eu a acolhi, como já fizeram comigo. Fazia tempo que não chovia tanto assim e dessa forma. Tive até que fechar o vidro da janela, para não molhar dentro de casa.


Chuva com vento, que toda hora mudava de direção, raios, trovões, mais raios, mais trovões. Me veio tanta coisa à cabeça, tantos pensamentos, e eu ali, à luz de uma vela, lidando com todos eles. Sei lá, sobre da vida, sobre as coisas que aconteceram, acontecem, acontecerão... pessoas, lugares, sentimentos... muita coisa.


Daí depois eu fiquei torcendo para que a luz voltasse logo. E agora fico pensando no amanhã... já sei! Amanhã, assim que eu acordar, vou abrir a janela e ver como será o dia, essa mesma janela que me protegeu dos fortes pingos hoje, amanhã vai se abrir para o sol, porque não dá um dia mais lindo do que aquele depois de uma tempestade. Amanhã então o dia vai ser assim: com passarinhos celebrando o sol, com a grama reluzindo verdinha, com as flores se livrando dos pingos da noite, com a vida sorrindo. Amanhã, eu tenho certeza, o dia vai ser lindo, inclusive dentro de mim.

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Update: o dia depois de ontem...

Amanheceu assim...

... e, por dentro, igualmente azul.

2008/04/10

Horizonte, aprendizado, amanhecer

Ricardo Braescher - Pôr do sol em Porto Alegre (olhares.com)

A gente, na verdade, só sabe que quer ser feliz, aconteça o que acontecer. E espera poder alcançar horizontes hoje tão distantes aos olhos. Porém, muitas vezes, não sabemos quais os motivos que nos levam a caminhos antes impensáveis. Acho que a vida quer mesmo é nos mostrar que há tantas outras formas de se aprender, de se amadurecer, que escolhe, por vezes, distanciar ainda mais essa linha, para que o desejo de um dia te-la nas mãos não desfaleça.
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Para mim, o que mais vale mesmo é, por vezes, aquietar-se, como um suspiro doce de infinitos, e esperar para que do coração venha aquela secreta voz que nos diz que rumos tomar. A vida, às vezes, quer mesmo é saber o que vamos fazer com aquelas coisas que não deram certo, que nos distanciam do h.o.r.i.z.o.n.t.e. (os sonhos. os desejos. as lágrimas. as perdas...) e que ela deixa em nossas mãos. Se vamos olha-los com dúvidas e temores, como se pássaros feridos, ou se vamos deixá-los partirem da palma da mão para um lugar quietinho, onde serão lembrados como a.p.r.e.n.d.i.z.a.d.o. E, a partir daí, permitir que os nossos olhos admirem uma linha nem tão distante assim agora, que sempre esperou pelo dia no qual possamos, finalmente, a.m.a.n.h.e.c.e.r.