2006/06/18

O Depois


José Moreira - Brussels Garden

Depois do tempo de tempestades, de sofreguidão e abandono, vem sempre um intermédio, onde a gente descobre vida no que antes achava estar morto. Conseguimos, finalmente, ver a flor, ainda que encharcada pela chuva, desabrochando. Ou o pássaro, ainda molhado e com frio, piar. E vai reconstruindo um mundo de cores que há tempos não víamos...

Um tempo de novidades, em que a vida vai ensinando novamente os significados dos sentimentos esquecidos, juntando os cacos e re-descobrindo passos.

No período de chuva e medo. E antes do sol e do sorriso. Nesse espaço, em que o sonho e a memória acham uma brecha pala falarem mais alto, ainda que sejamos incapazes de traduzi-los para a realidade... É aí que está, mesclada de solidão e saudade, com plenitude e amor: A poesia. A felicidade. O sorriso.

Nós e nós mesmos.

2006/06/06

reS oãN = Não Ser


Jorge Garcia - Tu e tu

Não sei mais se sou o mar,
pelos sonhos ilimitados.

Ou se sou o grão de areia,
pela pequenez em bastar-se.

Ou se sou a concha,
pelo desejo de se perder no tempo de um amor.

Ou se sou a sombra,
pelo silêncio.