Foto: desconheço autoria
Se de retornos e voltas fosse feita a minha vida, aí sim eu
esqueceria de tudo o que sonho, tudo o que almejo, todo o novo que espero, e
desaguaria na mesmice dos dias, no passar dos mesmos minutos, no mesmo passo de
dança. Mas é de curvas e retidão que descobri ser mais viva, mais sonhadora,
mais romântica. É mirando os acostamentos que percebo que, se quiser, posso
voltar e tudo seria como antes, ou melhor, ou pior. Mas não, não me permito ser
mais em círculos, sem fim. É necessário o seguir reto e levar, do passado
indiferente, algo de bom, de singelo, alguma certeza de ter valido a pena. Não
valeu a pena o meu esforço sem nada em troca, mas valeu a aprendizagem de não
mais regar uma flor com lágrimas, mas sim com uma esperança apaziguadora e não
idealizada. O passado não me prende, não me fere, não me faz chorar, ao
contrário, me ensina o que preciso e estou aprendendo. Nem que para isso seja
preciso o grito.
Mas eu aprendo, ah, se aprendo.