2008/05/30

Sonhos (im)possíveis

Domenique Reidy - Um sonho

Tantos são os sonhos que adio, que deixo para depois... Por que adia-los? Porque, aparentemente, hoje, agora, não são possíveis... E o meu corpo é agora e hoje uma espera infinita, e a esperança um sono que descansa numa ansiedade absurda, como se aquela borboleta já não soubesse mais do casulo, não entendesse mais o porquê de tanto tempo, tantos dias, horas de mudanças... Por quês que só os sonhos realizados desvendariam...
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Daí nascem outros (sonhos e desejos) e, com eles, novas horas... tudo se renova e faz aqueles ir-realizados deixarem de ser os prefácios que gostaria que fossem. Mas há alguns que permanecem, intactos, não os deixo desvanecer. E o coração, por vezes, toca essa tênue linha entre o amor e o desejo, o sonho e a ternura, como se agora um deles fosse tornar-se real, mas não sabe bem como para sempre possuí-la, assim, tão perto...

Sonhos que adio, sonhos que não deixo... um desabrochar que, de amanhã em amanhã, dorme, aninhado entre os dedos tenros e sozinhos da palma da mão do tempo, que se fecha para o irreal e o impossível. Eles não têm vez aqui. Os meus sonhos, os nossos sonhos, serão sempre possíveis, ainda que só dentro de nós.

2008/05/22

O processo

Paulo A - o meu outono (olhars.com)

Nessa vida deveria ser mais interessante o processo, e não o fim em si. Quanto tempo levei, o que precisei fazer, passar, sentir, ver, para chegar onde estou. Mas do fim ninguém se lembra. Estando no topo, ou no começo, é daí que varias pessoas tiram suas conclusões. O interessante para mim é perceber, depois de alguma decepção, como aquela pessoa fez para se recuperar, para voltar a sorrir... Ou, aquele menino com aquele sonho de infância que disseram para ele ser tolice, como ele está fazendo para alcançá-lo, a despeito do que possam dizer.

O processo é que molda o que somos, o nosso caráter, o nosso olhar diante da vida. Porque mais importante do que uma pessoa no topo é se ela chegou lá com dignidade ou se precisou machucar várias outras para contar vantagem. Porque omitir é mais fácil do que assumir o que realmente se é.

No fim, a pessoa pode inventar e dizer que passou por mil e uma situações. Mas, quando vemos alguém lutando pelo seu objetivo, sabemos realmente o que ela é, e onde irá chegar. O processo nos faz grandes ou pequenos, o fim é apenas conseqüência do que plantamos ao longo da caminhada. Pelo caminho, podemos ter uma noção de como será o fim, mas, no fim, é praticamente impossível saber como foi o caminho, em certas ocasiões.

Você entende?