2006/02/27

Adriana Calcanhoto

Paulo Medeiros - S/T

...tenho por princípios
Nunca fechas as portas
Mas como mantê-las abertas
O tempo todo
Se em certos dias o vento
Quer derrubar tudo?...

Sudoeste, Adriana Calcanhoto/ Jorge Salomão

...

2006/02/16

Sobre lidar com lembranças

"Os seus passos confundem-se com a escada, início e meio, atropelo, marasmo, cansaço, sinta que tudo completa uma fase indispensável, uma direção ainda não definida, há degrau para tanto, para reconhecimentos. Ruínas de outros tempos apenas no resgate de lembranças merecidas."

Leila Lopes

Concordo mesmo com tudo isso. Se as lembranças deveriam ser o que de melhor habita em nós, no sentido de fazer com que um sorriso brote da face, por ter vivido algo da melhor maneira, de que vale desenterrar aquelas memórias de dor, lágrimas e faltas do que não se teve?

Tudo bem que nem sempre o vivemos intensamente, mas valeu a tentativa, o esforço... agora, ficar remexendo uma ferida de perda ainda mal cicatrizada, vale mesmo a pena? Sei que nos completa, ainda que momentaneamente, aquela autoflagelação consentida, mas, e o depois? E o incômodo até que volte a se recuperar?

Não sei, já cultivei muitas coisas doloridas, e já as reguei com muitas lágrimas. Mas hoje, prefiro acreditar e viver esperando que desabrochem apenas aquelas que me acrescentem esperança, que me encham os olhos, e o coração.

E as outras, que só machucam, não me fazem bem e me impedem de viver o melhor da vida, prefiro deixar que sejam levadas. Pelo vento... pelo tempo... por qualquer coisa.

Imagens de Paulo Medeiros.

O texto todo da Leila, aqui.

2006/02/07

Da série: E você, o que acha ?


Desconheço autoria

"Giles e Isa Olivier, Clarissa e Richard Dalloway, Mr e Mrs. Ramsay, nenhum dos três casais alcança a união total. Exceptuado o amor físico que não passa da satisfação do instinto de procriação, não pode haver amor feliz.

Desemparelhados, solitários, o homem e a mulher perseguem isoladamente o seu sonho sem se reunirem de outro modo que não apenas entre os actos, e defrontando-se para sempre um ao outro.

Longe de quebrar a solidão fundamental do ser, o casamento torna a do outro maior. É uma falsa saída, uma porta enganadora para a liberdade, e o mistério continua total: «Ali está um quarto, acolá outro», ali a mulher com as suas necessidades, os seus desejos, e acolá o homem, não inimigos, mas estranhos semelhantes a dois círculos que nunca podem coincidir por completo.

Seja o que for o amor, nunca se chegará a formar um único ser indivisível e imenso, nunca há senão dois indivíduos, pequenos e separados."

Virginia Woolf (Relógio d'Água), Monique Nathan (pág. 54)

Peguei daqui.

Sua vez agora. :)