2014/03/20

Poesia

'A gente é gaiola sem porta 
e o amor é passarinho livre:
voa porque quer,
fica porque gosta.'

Rafa Gizzi

2014/03/04

O raso, o meio e o fundo

Desconheço Autoria
Há quem prefira o raso, as águas nas canelas. Há quem se contente com esse pouco, essa superficialidade. Meios sentimentos, nada que exija muito, nada que questione, confronte, chame a mudança. Eu aqui e você aí, e vamos seguindo até quando for divertido e bom para os dois.
Não consigo. Tentei, mas fracassei.
Há também quem prefira as águas na cintura, ou um pouco mais pra cima. Bom, mas também continua na penumbra de não saber exatamente o que quer. Eu me entrego mas ainda existe um tanto de mim que não gostaria que fosse descoberto, que viesse à tona. Os meus sentimentos são meus e eu te entrego um pouco deles, o tanto que para mim for confortável. E vivemos até quando aguentarmos viver de metades.
Não consigo. Tentei, mas fracassei.
Há também os que prefiram a profundidade, o todo, o sentimento sincero, a palavra consistente, a atitude que condiz com o discurso. Eu tenho cicatrizes, algumas profundas até, mas quero que você as veja, e saiba o motivo por elas fazerem parte de mim. Não sei viver de metades. Não sei esconder e viver na superfície. Eu preciso dar braçadas, eu preciso do mergulho. Dizem que no profundo é que estão as coisas mais bonitas, os peixes mais diferentes, as conchas mais belas... eu preciso mergulhar e perder o ar, sabendo que você estará lá comigo para segurar minha mão e dividir a tua vida comigo. Eu preciso das coisas claras, da conversa com calma, do conhecer além do raso. E tudo isso requer tempo. Mas eu tenho paciência, você tem? Quando a gente sente que vale a pena, cultivamos o carinho, a amizade, os pequenos gestos, a simplicidade e tudo o que contribui para que surja um sentimento maior e sólido, que nos encoraja a saltar sem medo.
Tudo bem se você não pode, não consegue, não espera, não está nessa fase. Só que, como disse, eu já tentei todas as outras formas, mas vi que sou feita de coisas que não podem ser vistas da superfície. É só lá no fundo que você vai descobrir. Eu te respeito por viver no raso, mas eu, eu sou feita do fundo... não, eu sou feita do PROFUNDO. Não espero que você compreenda, apenas aceite que não vou abrir mão de tudo isso que sou feita para viver algo aquém do que eu espero e sei que mereço. Porque eu não prefiro a superfície: ela é sempre a mesma.
Já o profundo é feito de mais, e eu sou feita de muito mais.