2006/03/24

Surpreender-se por não saber (se)


X. Maya - No outono

Hoje eu sinto como se a minha vida fosse a de uma menininha de 5 anos parada no tempo, incerta sobre muitas coisas. Menina essa que, ao esperar ansiosamente pelo outono, certa de uma brisa leve, é surpreendida pelo inverno, com sua chuva, frio e desesperanças, enquanto brincava na porta de casa.

E eu às vezes penso que, em breve, tudo vai mudar. Mas o inverno é uma longa estação. Então eu corro, mas a correnteza é forte, então eu ando, mas o vento me impede a visão, então eu paro e espero.

Não há chaves, não há alguém. Há apenas o inverno e eu, na porta de casa.


ps: "Not happy, not sad, just breathing slowly..." (by Diana)

2006/03/19

D´alma


João Godinho - Pétala Rebelde

Quando os sentimentos começam a ser deserdados, eu fico olhando para dentro de mim, vendo o que restou, como se fossem as migalhas de uma fome insaciada e aflitiva. E há dias em que tento reconfigura-los, no desejo de que voltem a viver comigo, a me pertencer. Mas esses são dias de extrema confusão, junto com lágrimas, e sorrisos, e lembranças...

Mas, mesmo eu sabendo estar de pé, o coração permanece ajoelhado diante das dúvidas da alma há horas inquieta. E a vida acaba estagnada a esses momentos de imobilidades.

E sim, existem outros dias, em que os sentimentos agem de outras formas, mas agora estou falando daqueles em que eles ficam nessa dualidade, tentando se conformar com esses sentimentos poucos, e agindo dessa forma desestruturada e sem sentido, enquanto eu tento me convencer do meu avesso.

2006/03/09

O Abstrato Concretizado (se possível for)


Sérgio Redondo - Down Under
Interior do Edifício Casa da Música, em Portugal.

Do Lat. abstractu

adj.,
que designa uma qualidade separada do objeto a que pertence;
distraído;
contemplativo;
absorto;
alheado;
preocupado;

pop.,
de compreensão difícil;
obscuro, vago, abstruso (texto);

s. m.,
o que se considera existente só no domínio das idéias e sem base material;

Arte,
diz-se da manifestação artística de conteúdo e forma alheios a qualquer representação figurativa, que é característica de diferentes épocas, culturas, ou correntes estéticas, e transcende as aparências exteriores da realidade.



O abstrato me fascina. Porque ele pode dizer muitas coisas, dependendo de como é visto.
Os meus sentimentos hoje estão dessa forma, sem forma. Mas existem, assim como na foto.
Abstratos, até que algo os traga à realidade dos meus desejos até então pairados numa atmosfera in-constante de in-certezas. Onde são muitas as palavras e sonhos, mas pouquíssimos com norte, não cabendo, portanto, naqueles outros vãos que transbordam de continuidades.