2006/01/27

Esperar para ir

Ao invés de ficar dando brechas a tantos por quês, preferi, por esses dias, apenas escancarar as janelas e admirar o tempo passar.

Eu preferi ficar observando um pouco as flores, os pássaros, as pessoas...

E fitei os olhos no horizonte, me certificando de que é para lá, ou melhor, para além dele, que quero voar quando minhas asas crescerem um pouco mais. E essas flores desabrocharem...

Elas disseram que querem me assitir.

Então eu espero. Por nós.

............................................................Pilar Mendes Dias

2006/01/18

Relatos de Mar


A água salgada lambia os meus pés e eu me apossava de cada um dos grãos de areia que ela trazia, como se fossem minhas molecagens e inquietudes resumidas em pequenezas, numa tarde que anoitecia mais cedo do que desejava, revelando, imaturamente, o beijo da lua no mar.

E, enquanto me concentro na onda, lembro de cada sentimento que gostaria que fosse real agora, mas a onda vinha, e arrastava consigo todos aqueles grãos, juntamente com as palavras que gostaria de dizer naquele instante de pensamentos sorrateiros.


Eu, meus sentimentos e as ondas, enquanto fitava o olhar em mais uma casualidade, vindo, de mansinho, apagar aquilo que não tive a chance de viver...


E, naquele ir e vir, naquela branca espuma que se refazia a cada nova crista, eu, por letárgicos instantes, me encontrei sorridente e cabisbaixa, triste e feliz, esperançosa e pessimista, menina e mulher... Enfim, dúbia de si.


E nada fiz por isso.

Apenas deixei-o, repleto de imprecisões, enquanto, em silêncio, esperava pelo transbordamento daqueles grãos, como se os desse a responsabilidade das minhas questões agora tão intensas quanto o quebrar incessante e violento das conchas nas pedras encharcadas de mar.

Imenso. Simples. Único. Como os meus desejos e sonhos...


é isso.