2006/08/27

Sono

Desconheço Autoria

Ele se revira todo, e nenhum som é capaz de despertá-lo desse sono profundo, como se estivesse muito cansado do dia, das horas que se demoraram, da vida... Então, ele simplesmente chega, olha-me de soslaio e deita-se para, daqui a pouco, (acho que) começar a ser permeado por sonhos muito loucos, de forma que se debate e fala sozinho. Não sei se é comigo que sonha, ou se com os seus fracassos e solidão.

Mas ele não está sozinho, ele tem a mim, que ouço e fito-o demoradamente, tentando descobrir de que é feito, e o quanto sou feita disso, sendo sua matéria boa parte do meu querer-ser. Então, permaneço quieta, já que não há lembranças, ou sonhos, ou qualquer coisa que o faça sair desse lugar que parece ser agora um bom espaço para o seu descanso diário.

Eu queria que fosse o provável, mas é o impossível que dorme na minha cama, debaixo de lençóis brancos. E, por acaso, deveria eu ter coragem para acordá-lo? E, por acaso, tu terias?

2006/08/13

Deixar para Desabrochar

Desconheço Autoria

Deixo para trás o que não deu certo, os fracassos, as lágrimas, os erros. Que eu deixe mesmo o deserdado e o pequeno. Porque a cada manhã que se levanta, o sol me sorri de forma diferente, ainda que por detrás das nuvens, impossibilitando a visão, mas sinto-o. E as horas passam, cansadas e lentas, mas me permito semear aqueles primeiros sentimentos antes latentes no profundo da alma ansiosa por desabrochar. E eu descubro as minhas inseguranças, encaro, e aprendo a lidar com elas, pois sei que, em breve, todos esses passos errantes serão inundados por esse renovo de doçura que se esconde e se revela através das delicadas pálpebras do desejo.