2005/01/18

Muralhas


Paredes - Marvao
Me banho de delicadezas e paciências que há tempos me faltavam, pois há deliqüescências, há necessidades. Se de calmaria e sossego surgissem muralhas, confesso que daqui erigiria uma torre onde lá do alto poder-se-ia ouvir meus sussurros. Mas não assim se fazem pedras ou construções. Não assim se alcança o que se deseja. É buscando nos espaços vazios o injustificável que, vez ou outra, acabo encontrando pedaços de mim, dos cacos que restaram quando quebrei o espelho que me refletia. Não há ódio, não há raiva, não há vingança. O que existe é apenas um reflexo que tornou-se confuso e inexplicado, mas que aos poucos brota, perfeito e novo, do silêncio que já não cabe mais em mim.

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