2005/10/24

Ainda que. Ainda assim.


Bjoern Oldsen

Ainda que eu pudesse decifrar os silêncios que, lentamente, vão lapidando a memória, não poderia esquecer-me daqueles sonhos que um dia me mostraram amplitude...
Ainda que desabrochasse em pétala suave, regada pelo orvalho de uma noite tênue, não poderia apagar aqueles transbordamentos em novidades...
Ainda que a mesmice dos dias me revelasse a suavidade do tempo e a beleza dos pássaros, não apagaria as pegadas de arrependimentos e aprendizados que me fizeram chegar até aqui...
Ainda que um tempo de calmaria pousasse sobre a pele, ou o destino me revelasse uma paixão estarrecedora, que me permitisse tocar o etéreo e o fugaz...

...Ainda assim escutaria, perfeitamente, o lento bater de um coração cicatrizado, que se aconchega e reinventa os dias por detrás do leve peso dos seios.

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