2006/05/08

Eu: fresta


J.l. - Dentro ou fora

A madrugada, e eu sou a fresta da janela que deixa passar o vento gélido de uma noite de faltas, saudades, arrependimentos, desejos... Sou a fresta, e permito que esse sopro faça esparramar as folhas rabiscadas, abrir os livros não lidos, os velhos, os novos. E os meus olhos agora desejam alguma claridade, uma nesga de luz não forte, não fraca, suficiente apenas, para poder alcançar o limite entre a realidade e os meus sonhos. Mas eu sou a fresta, sou essa abertura única e incômoda das horas que se demoram. E os meus olhos são só o desejo de que o astro diga adeus às estrelas, aos românticos, aos loucos, e deixe que o azul de mais uma luz bonita se adentre ao meu espaço que não cabe mais em si de mudanças. São poucos os minutos da manhã e eu me debruço sobre esse dia que não nasceu como queria. Mas ele amanheceu, eu esqueci ?

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