2013/10/11

Memórias


Foto: Old Book by latteda, on Flickr

Dia desses revirei nossas lembranças, tirei a poeira dos nossos sonhos, sacudi teias de aranha dos projetos que fizemos juntos. Confesso, não restou muita coisa, acho que o tempo se encarregou de fazer desaparecer algumas, aquelas que ele mesmo trata de levar, na tentativa de continuarmos a vida sem tantos resquícios. Mas o que sobrou de mais intenso, acho que nem mesmo o correr dos anos é capaz de fazer desaparecer de nós. Por mais que as folhas da nossa história estejam amarelecidas, rasgadas e velhas, eu sei, menino, e você também sabe, o que foi escrito. Sabemos das palavras, da forma, dos gestos. Eu sei onde eu te trago e sei onde brilha os meus olhos. Ainda longe, a vida nos permite reviver alguns momentos, que vão se tornando sempre mais espaçados, mas nem por isso perdem a sua significância no mundo. As lembranças fazem com que saibamos: ao mesmo tempo que a vida precisa seguir em frente, existe uma parte de nós que ainda guarda o que nos foi bonito, cheio, completo e... transbordante.
Por mais que eu reveja as nossas lembranças, elas me olham emudecidas, apáticas e solitárias, mas sabem: dali não saem, daquele espaço do meu coração são cativas, e que, vez ou outra, sempre retorno para o que nos permitimos.
O que quero dizer é: não! Não é um momento triste ou que as lágrimas surgem, é só um momento onde eu lembro que a vida, ao mesmo tempo que me permite lançar os olhos sobre o passado, também sussurra aos ouvidos que ela quer mais, e é feita de continuidades.  

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