
Geoffroy Demarquet
Como nas horas que passam desapercebidas, ou como nos dias em que as improbabilidades se demoram, preciso de um tempo para lidar comigo. Digo preciso, porque é nesse espaço em que tento ordenar os pensamentos, e é nele, também, que estão guardados todos os relicários que fui montando, enquanto à espera dessa outra de mim estava.
É nesse tempo que costuro uns retalhos de sonhos com outros de dúvidas, e acabo sempre por findar numa colcha em que estão registradas todas essas inquietudes de ainda não saber-se menos pequena, juntamente com os medos e esperanças de adivinhar-se grande demais para caber em si.
Costuro e refaço tudo de mais inconstante enquanto, ao meu lado, sinto a presença de um coração secretamente calado e paciente que, amedrontado e tímido, se esconde, todas as vezes que tento lhe mostrar o resultado daqueles tantos silêncios atemporais.
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